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quarta-feira, 29 de maio de 2013

A Gênese do Sujeito no Laboratório Cinematográfico de Gilles Deleuze (Reflexões sobre Cinema I e II) - 23 abril 2013

A coordenação do Clinamen – Seminário Permanente de Filosofia – convida toda a comunidade acadêmica para prestigiar a palestra A Gênese do Sujeito no Laboratório Cinematográfico de Gilles Deleuze (Reflexões sobre Cinema I e II), a ser ministrada pelo Professor Fernando Monegalha na próxima 3ª feira, a partir das 18h, no miniauditório de Filosofia.

Currículo Lattes do Palestrante: 

http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.do?id=K4214406J1

Resumo da palestra:

Sobre o que tratam efetivamente os dois volumes de Cinema de Gilles Deleuze? Segundo o próprio autor, trata-se ali de “uma taxonomia, um ensaio de classificação das imagens e dos signos” (p. 7, Cinéma I). Com a inclusão da discussão com Bergson, somos levados a pensar que Cinema é basicamente uma obra de semiótica que utiliza primeiramente Matéria e memória como fio condutor para a elaboração de suas categorias, esforço esse secundado por um apelo à semiótica de Peirce. Em outros lugares, Deleuze dirá, contudo, que Cinema é um livro de “lógica”, mas de uma “lógica do cinema”, onde ele intentou fazer uma “história natural” da sétima arte (Pourparlers, p. 67). Que Cinema seja tudo isto, é inegável. Mas não observamos também um movimento clandestino se efetuando simultaneamente à constituição desta semiótica, desta lógica e desta história natural do cinema? Pois na medida em que somos levados de um regime a outro de imagens, vemos claramente emergir uma discussão que permeia todas as obras filosóficas de Deleuze, a saber, a questão da individuação, a questão da gênese e da constituição da subjetividade. Assim, na medida em que passamos da descrição de um tipo de imagem a outro por Deleuze, verificamos que os diversos regimes de imagens não constituem uma sequência aleatória, mas sim uma ordem precisa, que reflete um encadeamento interno bastante claro. E este encadeamento não é senão aquele que encontraríamos caso lêssemos Matéria e memória a partir de um ponto de vista genético, pensando a emergência da subjetividade a partir de um plano de imagens (matéria/imagem-movimento), dentro do qual se constitui uma singularidade mínima (o corpo vivo ou a tríplice divisão da imagem movimento em imagem-percepção-ação-afecção), o que permitirá, por sua vez, o aparecimento de uma esfera eminentemente espiritual (a memória e a antecipação, no cinema representados pelas diversas modalidades da imagem-tempo). Tudo se passa como se, antes de escrever Cinema, Deleuze tivesse tido um insight completamente original: que a “evolução” da forma cinematográfica desde sua origem espelha ponto por ponto o processo de constituição da própria subjetividade, tal como fora (ao menos aparentemente) descrito por Bergson. O cinema, neste caso, poderia ser compreendido como uma espécie de monumental laboratório filosófico: uma filosofia transcendental e genética encontraria ali material para compreender o processo de temporalização do sujeito, na medida em que um processo análogo de intensificação temporal está em andamento na constituição da própria forma cinematográfica. O cinema, neste caso, antes de ser explicado pela filosofia, forneceria um gigantesco campo de investigação perceptivo e conceitual que forneceria insumos para a investigação filosófica

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